Temos percebido atualmente é uma insatisfação de muitos "profissionais da educação", reclamando sobre a sua prática, dizendo que está cada vez pior de se desenvolver um bom trabalho. Pois também já não se tem, segundo estes, uma base, uma estrutura a se seguir, a cada dia surgem novos pensadores e pressupostos que vem mudar a educação; a verdade é que essa busca por melhores condições de ensino- aprendizagem são de extrema importáncia.
A formação continuada de professores, novas estratégias, dinámicas, têm de ser estudadas e aperfeiçoadas. Não podemos parar no tempo achando que sabemos tudo. Que sempre fizemos assim e deu certo, porque mudar então?
A mudança é preciso, pois as pessoas já não são as mesmas, o mundo já não é o mesmo e o mercado de trabalho está exigindo pessoas que sejam realmente capacitadas, que estejam dispostas e estudarem e a renovarem sempre.
Muito se tem falado sobre a questão do ser educador e o estar educador, achamos que o maior problema da educação no Brasil, é justamente esse, pois temos pessoas envolvidas na educação que são despreocupadas, que estão apenas para receber o salário no final do mês, e ainda reclamam.
é lógico que a educação não pode ser boa e a sociedade que se forma também não, pois estamos entregando nossas crianças a pessoas que não estão nem aí para o sucesso de seus alunos, sua aprendizagem e formação quanto cidadão.
Não vamos também fazer demagogia, pois sabemos que a situação não está fácil para ninguém, até mesmo os compromissados, os que realmente são educadores estão passando por crises existenciais, muitas vezes. Mas não podemos desistir nunca.
Acreditamos que o primeiro passo para a mudança e para o sucesso é a força de vontade em querer mudar a cada dia a sua prática.
Não podemos esquecer que ainda nos dias atuais somos modelos de referência para nossos alunos, se não mostramos interesse e segurança no que fazemos, como podemos inculcar isso neles? Pensamos que com todo esse avanço tecnológico, tudo é referência para o aluno, menos nós, mas é aí que nos enganamos redondamente.
O professor ainda tem que ser exemplo de profissional, de pai, de amigo, enfim, ... pois o educador não é só dentro da sala de aula, ele é tido como modelo em todos os aspectos da vida social.
O problema maior ainda é que existem pessoas que além de não serem exemplos, tem um discurso todo diverso do que é, e ainda criticam os outros, pois a palavra ainda comove, mas o exemplo arrasa. Não pensamos nós, que os alunos não prestam atenção nisso, eles nos conhecem muito bem. Eles conseguem distinguir e perceber se o que pregamos é realmente o que praticamos. Então temos de ser exemplos e cumpridores da nossa fala.
Temos de ter em mente também que o professor não é uma máquina que apenas decodifica informações e que as repassa como um robô. O ser humano se forma nas relações sociais, a subjetividade é algo muito importante na pessoa do educador.
Não somos apenas conhecimento, somos também sentimentos. Para sermos bons educadores, o requisito mínimo exigido é que tenhamos domínio do conteúdo, mas isso é relativamente fácil, o mais difícil é sabermos lidar com as emoções e lidarmos com pessoas, crianças, jovens, adultos, totalmente diferentes de nós muitas vezes. De nada adianta sabermos o conteúdo, mas não sabermos repassá-lo, não sermos exemplo, não conseguirmos demonstrar segurança e sabermos nos relacionar com os educandos. Sabemos que muitas vezes é difícil agir assim, mas é o ideal.
O conhecimento não é algo distante, que consigamos colocar em uma caixinha e transmiti-lo unicamente, ao falar expomos opiniões próprias, modo próprio de ver as coisas, de agir, de pensar, o conhecimento antes de mais nada é íntimo, ele acaba passando pela questão humana, individual, antes de ser transmitido e ensinado. é lógico que não estamos falando de tornar o conhecimento científico senso-comum, mas o que queremos mostrar é que o sujeito não consegue ser totalmente imparcial no seu discurso, pois o conhecimento está ligado ao íntimo do indivíduo.
Temos de nos conhecer antes de mais nada, temos de estar de bem conosco (auto-conhecimento), somente tendo a mente e corpo funcionando ativamente é que podemos ser bons profissionais.
O que pretendemos falar é da questão mais humana, não podemos estar em um pedestal só porque somos professores, temos que nos aproximar dos alunos, pois assim também podemos aprender e crescer com eles. Ser educador é também ser gente antes de mais nada, normal como todos os outros. O sujeito na relação com o objeto é que se constrói o conhecimento. Todo conhecimento depende de tempo e de espaço.
Temos que mostrar aos discentes que eles são capazes de mudar, de construir, de transformar, de descobrir coisas novas, não podemos apenas repassar conteúdos que para eles muitas vezes nem fazem sentido. Os professores de um modo geral, até por uma "pressão" do sistema, de ordens superiores, acabam ficando bitolados, restringindo-se a ensinarem apenas conteúdos insignificantes (muitas vezes) e esquecem de mostrar ao estudante uma visão crítica de mundo que é o que eles mais precisam
O papel do professor, segundo Zenita Cunha Guenther é "evitar que o talento humano seja perdido, ou desviado e proporcionar a estimulação e a orientação necessária ao desenvolvimento sadio e apropriado".
O conhecimento e as informações, os alunos buscam em vários lugares, mas aprenderem a interpretá-las criticamente é somente na escola, no meio acadêmico que se ensina, aí está a importáncia do professor, fazer com que o educando distinga o que é certo e o que é errado, o que é bom e o que é ruim e possa assim fazer suas próprias escolhas e buscar suas conquistas. Pois segundo Pedro Demo "Ser educador é cuidar, fundamentalmente, para que o aluno aprenda".
Ao laborar nos transformamos como pessoa. Ser educador é muito mais complexo do que imaginamos, mas para descobrir essa complexidade basta querer ser, buscar, não ter medo das mudanças e gostar do que faz, achamos que isso é fundamental.
Pois segundo Pedro Demo "Educação é sobretudo formar a autonomia crítica e criativa do sujeito histórico competente", esse é o papel do verdadeiro educador.
O PROFESSOR NÃO é UMA TÁBUA RASA
Na verdade, não só no trabalho, mas em todos os aspectos de nossa vida, estamos constantemente percebendo que não estamos prontos, não fomos acabados. Vivemos um processo de mudança diariamente. é justamente o fato de termos essa consciência, que nos motiva a crescermos, a estudarmos mais, a buscar o novo, o desconhecido.
Pontuamos que o acima exposto não quer dizer que o professor não sabe nada, é um zero à esquerda ou uma tábua rasa, pelo contrário, ele sabe muito, mas por mais que se saiba sempre é pouco, afinal mudanças ocorrem todos os dias, e quem não segue a evolução das coisas, com certeza será um desempregado daqui alguns anos. Ninguém nasce pronto, estamos sempre nos construindo, aprendendo coisas novas, podemos ter 100 anos e ainda assim não teremos aprendido quase nada nessa vida, ninguém sabe tudo de tudo.
A respeito disto, Celso Vasconcelos ressalta que "perceber que este professor novo que nós queremos construir não está pronto. Ele vai se construir no processo". Só quem tem coragem e é humilde consegue mudar e vencer.
LETRAMENTO VERSUS ALFABETIZAÇÃO
O mundo sofre constantes transformações e com ele também a educação, apesar desta, caminhar de forma mais lenta. Nos últimos anos surgiu entre os pensadores da educação um novo termo chamado letramento para que se pudesse estar refletindo a respeito das concepções que se tinha até então.
A princípio, letramento se confundiu com alfabetização, mas estudos mais profundos fizeram com que esses dois conceitos se distinguissem. O letramento está acima da alfabetização, é mais abrangente.
O letramento não ocorre apenas durante determinado tempo da vida do indivíduo, ele acontece antes e durante a alfabetização e continua para todo o sempre, ou seja, letramento é o desenvolvimento do indivíduo no mundo letrado.
A criança quando entra na escola, não chega vazia, ela já tem os seus conhecimentos, suas leituras de mundo, ela aprenderá a ler e a escrever (alfabetização) na escola, mas isso não basta, temos que saber fazer uso dessa leitura e escrita; não é suficiente apenas decodificar as letras, temos que responder às exigências que a sociedade nos remete (pede) continuamente.
Saber ler, escrever, interpretar e ainda fazer o uso correto dessas habilidades é fundamental hoje, temos que saber fazer essa leitura de tudo que nos rodeia, a leitura de mundo, exercer o papel realmente de cidadão é indispensável.
Temos que refletir sobre todas essas questões, pois nem sempre quem é alfabetizado é letrado, pois como já dizia Paulo Freire: "Todos nós sabemos alguma coisa, todos nós ignoramos alguma coisa, por isso aprendemos sempre".
PROFESSOR, UM ETERNO ESTUDANTE
O fato de já termos uma graduação, de atuarmos como docente há muito tempo, não garante nossa boa atuação. Os tempos mudam, o conhecimento voa e devemos acompanhe-los. Só a constante busca pelo saber, a formação continuada, o diálogo e a pesquisa farão com que nos tornemos pessoas, profissionais melhores.
é na percepção de nossos erros e fracassos e na tentativa de superá-los que venceremos. A cada dia que passa percebemos que sabemos cada vez menos. O professor tem que ser um eterno e apaixonado estudante. Afinal de contas, o docente tem que ser exemplo a seus alunos, exige gosto pela leitura, então tem que gostar de ler, exige esforço, dedicação e apreço, então tem que mostrar que também é assim.
Como dizia um autor, que no momento não me recordo: "As palavras comovem e os exemplos arrasam" falar é fácil, o difícil é pôr em prática. Como se diz: um bom exemplo não custa nada, mas vale muito.
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